segunda-feira, 13 de abril de 2009

Direito a explicações

"Quando nos separamos ele chamou-me melga, mas isso é uma palavra emotiva, não acham? Não me parece que se possa chamar melgar quando são só telefonemas, cartas, e-mails e bater à porta. E só apareci no emprego dele duas vezes. Três vezes, se contarmos com a festa de Natal, coisa que não conto, porque ele disse que me levava. Melgar é quando se segue as pessoas nas lojas e nos feriados, e tudo o mais, não é? Pois eu nunca me aproximei de loja nenhuma. Seja como for, não me parecia que fosse melgar quando uma pessoa nos deve uma explicação. Deverem-nos uma explicação é o mesmo que deverem-nos dinheiro, e não se trata apenas de uma nota de cinco libras. Quinhentas ou seiscentas libras no mínimo, e quando a pessoa que as deve anda a evitar-nos, temos de acabar por lhe bater à porta de madrugada, quando sabemos que ela vai lá estar. As pessoas têm reacções sérias quando se trata de quantias dessas. Chamam cobradores, e chegam a partir pernas, mas eu nunca fui tão longe. Revelei algum controlo."

(Nick Hornby - Um Grande Salto)

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